sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Samba em festa!


Como diria o eterno Dorival Caymmi em seu “Samba da Minha Terra”: “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé”. Concorde você ou não com a afirmação, cantada por vozes consagradas da música brasileira ou pelos “anônimos” das rodas improvisadas, impossível negar a capacidade que o samba possui de encantar com seu ritmo singular, seja versando sobre os amores ou sobre os dissabores desta vida.
 Historicamente associado ao período carnavalesco, quando os holofotes do mundo se voltam como nunca para o gênero por aqui, o samba tem seu aniversário comemorado oficialmente em uma data bem “distante” das festividades de início do ano: 2 de dezembro, próximo domingo.
Celebrada nacionalmente, a data foi inicialmente instituída em Salvador no ano de 1940, em homenagem ao compositor Ary Barroso pela criação de “Na Baixa do Sapateiro”, canção com a qual exaltava a Bahia mesmo sem ter pisado por lá na época. A data, que se tornaria o Dia Nacional do Samba pelos idos de 1960, marcaria a primeira ocasião em que o compositor de “Aquarela do Brasil” pisou na capital baiana.
Seja você daqueles que pensa que “todo dia é dia de samba”, ou, do contrário, guarda as forças para as ocasiões mais pontuais antes de cair na festa, o Buchicho Guia dá opções para curtir este fim de semana “oficial” do samba.
VEM PRO SAMBA
Em meio a uma comemoração que ganha ruas e praças em diferentes cidades brasileiras, aqui em Fortaleza uma das programações já tradicionais é a organizada pela Associação Movimento Vem Pro Samba, que realiza o 7º Ano de Semana Social e Cultural do Dia Nacional do Samba. Idealizada pelo músico e compositor Carlinhos Palhano, que hoje recebe o título de Cidadão de Fortaleza na Câmara dos Vereadores, a Associação articula uma programação especial dividida em quatro momentos, ocupando diferentes espaços: Samba na Praça, Samba Social, Samba no Trem e Samba no Mercado.

No primeiro deles, a ter início hoje às 7 horas, a Praça do Ferreira e o Centro recebem um “bom dia” diferente, com a presença de músicos de diversos grupos de samba cearenses e estrutura montada para divulgar a data. Terminadas as atividades, de lá a programação parte para seu momento “social”, levando o samba para entidades e pessoas por diversos motivos.
Amanhã, 1º de dezembro, é a vez do Samba no Trem. Com concentração às 7h30 e café da manhã para receber o público, o samba promete embalar o dia pelas estações e vagões ao longo do percurso de ida e de volta, de Fortaleza até Caucaia. A saída da Estação Ferroviária Dr. João Felipe (rua Dr. João Moreira - Centro) está marcada para 9h15, com chegada a Caucaia às 9h55. Entre as apresentações, a programação recebe 15 grupos.
No domingo, dia 2, celebrando o Dia Nacional do Samba, a programação ganha espaço no Mercado dos Pinhões a partir das 11 horas, realizando uma grande confraternização do samba cearense. Estão confirmados os grupos Mistura Brasileira, Grupo Nobreza, Grupo Fina Flor e encerramento com Bateria Tom Maior.
 EU VOU!
“Samba é no Amici’s. O samba de lá é muito bom, tem pessoas bonitas e clima agradável. Não há lugar melhor para curtir um bom samba de mesa.”
 Amanda Lopes, 24 anos, estudante
Mocinha. No Bar da Mocinha, o tradicionalíssimo samba rola ao longo de todo o fim de semana. Hoje e amanhã as programações começam às 22h e vão até 2h30. No domingo, um pouco mais cedo, as atividades vão das 19h até 1h. Rua Padre Climério, 140 - Praia de Iracema. Outras info.: (85) 3219 8499.
Zé Bezerra. Reduto de sambistas que já acumula mais de quatro décadas de história, a programação do Bar do Zé Bezerra é disputadíssima principalmente aos domingos, quando recebe entusiastas das mais diferentes idades - no bar e fora dele. A programação começa “de tardinha”. Rua Dom Manuel de Medeiros, 71 – Parque Araxá.
 Serviço
 Outros redutos do samba
 Boteco do Arlindo
Quando: amanhã, das 16 às 19 horas.
Onde: rua Carlos Gomes, 83 – Bairro de Fátima
Quanto: R$3 (couvert).
Outras info.: (85) 3021 4982

Buoni Amici’s
Quando: amanhã, às 21 horas. 
Onde: rua Dragão do Mar, 80 – Praia de Iracema
Quanto: R$20 (meia), com Grupo Academia e Policarpo e a Estrela de Madureira
Outras info.: (85) 3219 5454
Bar do Cabra Bom
Quando: amanhã, a partir das 16 horas. Oito horas de samba. Caipirinha grátis até as 18 horas. Onde: rua Teofredo Goiana, 840 – Cidade dos Funcionários
Quanto: R$7, com MPB Show (chorinho), Louka Paixão e Os D+ do Samba.
Outras info.: (85) 8732 3631
 Feijoada do Entre Amigos
Quando: amanhã, das 12h30 às 15 horas. 
Onde: rua Professor Dias da Rocha, 811 - Aldeota
Quanto: R$4,90 (couvert), com grupo Gebedim.
Outras info.: (85) 3224 9644
 Marcão das Ostras
Quando: domingo (2), das 17 às 20 horas.
Onde: rua Professor Carvalho, 2901 - Joaquim Távora
Quanto: Gratuito (sem couvert).
Outras info.: (85) 3257 9660
 Vila Camaleão
Quando: hoje e amanhã, a partir das 20h30.
Onde: rua Monsenhor Tabosa, 381 - Praia de Iracema
Quanto: R$5, até 22 horas. R$10, depois das 22 horas.
Outras info.: (85) 3219 353
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/buchichoguia/2012/11/30/noticiabuchichoguiajornal,2962462/samba-em-festa.shtml

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Morre aos 92 anos Roberto Silva, o Príncipe do Samba!


O sambista teve um AVC na sexta, chegou a ser internado, mas optou por voltar para casa, onde faleceu na manhã deste domingo.

sábado, 26 de maio de 2012

Brasileirinho - Grandes Encontros do Choro


Se todo Brasileiro crescesse assistindo este documentário, com certeza, em pouco tempo, daria gosto ligar o Rádio.

"Eu penso que alguns tipos de música são descrições das doenças de uma sociedade. Essa música tocada em restaurants e elevadores é destrutiva. Se tocassem boa música para o povo, haveria uma sociedade feliz nas ruas." (Charles Mingus)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

A volta do Malandro!

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O sambista Moreira da Silva tem seus primeiros LPs reeditados pelo selo Discobertas em duas caixas

Parece até uma ideia fixa: “O Último Malandro” (1958), “A Volta do Malandro” (1959), “Malandro em Sinuca” 
(1961), “Malandro Diferente” (1961), “O ‘Tal’... Malandro (1962)”. Os primeiros lançamentos em LP do sambista Moreira da Silva exploram, sem pudor, o tipo do malandro, que terminou por virar sua marca registrada, seja nos trajes, nas letras de seus maliciosos sambas de breque.

O compositor e intérprete – que ao contrário da figura que vendeu, sempre andou dentro da lei, bebia pouco, não fumava e ainda que fosse mulherengo, passou mais de cinquenta anos ao lado da mesma mulher – ganha agora reedição de oito destes discos em duas caixas, reeditados em CD pelo selo Discobertas. Os quatro primeiros citados foram lançados em 2011 na caixa “O Último Malandro”. “O ‘Tal’... Malandro” soma-se a “O Último dos Moicanos” (1963), “Morengueira 64” (1964) e “Conversa de Botequim” (1966) para compor a segunda caixa da coleção, “O Tal Malandro”, lançada este ano.

Os discos foram remasterizados a partir das matrizes de gravação e trazem reprodução de capas e contra-capas originais, além do selo que acompanhava os vinis, relação de músicas e ficha técnica da primeira edição. Para as reedições, foram incluídas em cada disco músicas lançadas na época por Moreira da Silva apenas em compactos simples. Kid Morengueira, como era conhecido, viveu 98 anos, de 1902 ao ano 2000, produzindo intensamente desde os 30 anos, com o último disco, “Os três malandros in Concert”, lançado em 1995 em companhia de Bezerra da Silva e Dicró, os “três tenores do samba”. Antes, Moreira lançou cerca de 25 álbuns (entre CDs e LPs) e mais de 80 compactos em 78 rotações, o primeiro ainda em 1931, pela Odeon, com as músicas “Ererê” e “Rei da Umbanda”. 

Daí por diante, até o fim da vida, não teve uma só década que ele não lançasse discos.

Filho do trombonista Bernardino de Sousa Paranhos, que pertencia à banda da Polícia Militar, ele descobriu a música nas serenatas e rodas de samba dos anos 20, convivendo com a nata da malandragem do bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. O primeiro sucesso veio em 1933, com o samba “Arrasta a Sandália”, de Aurélio Gomes e Baiaco.

Músicas
Autointitulado o criador do samba de breque – formato de samba balançado, com sucessivas pausas instrumentais com contrapontos falados – ele tem nos quatro primeiros discos, da caixa “O Último Malandro”, uma boa mostra desta marca. 

No disco “O último malandro”, mais antigo da série (antes dele, Morengueira havia lançado apenas o LP “O Tal!”, pelo selo Santa Anita, que ficou de fora das caixas, que incluem apenas LPs da Odeon), ele traz sambas de breques como “Que Barbada”, de Walfrido Silva e suas parcerias com Ribeiro Cunha, que narram divertidas situações por quais teria passado o malandro Moreira da Silva. 

Figura central em todos os discos da caixa, o malandro aplica sua malícia e tira vantagem nos gramados de futebol, em “Pé e Bola”, nos filmes de Hollywood, “Filmando na América”, no Japão, “Fui ao Japão”, nas galerias de arte moderna da alta sociedade, com “O conto do pintor” e, é claro, no dia a dia carioca. 

A malandragem é celebrada ainda em parceria com outro que fez dela sua marca, Wilson Batista (autor do hino “Lenço no Pescoço), que assina com Moreira “Esta Noite Eu Tive Um Sonho”. Dele também, “Acertei no Milhar”, juntamente com Geraldo Pereira, e “Averiguações”. Da segunda leva reeditada, o disco “Conversa de Botequim” é um capítulo à parte. Reunindo alguns clássicos do samba, nele Kid Morengueira foge um pouco do balanço do samba de breque. No repertório, compositores do início do século XX, como a música homônima ao disco, de Vadico e Noel Rosa; “Avisa Maria que Amanhã Tem Baile”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, lançada na década de 1940; ainda “Homenagem”, do próprio Moreira, dedicada à Noel; e Piston de Gafieira, única lançamento já da década de 1950, de Billy Blanco.

O disco rendeu um artigo do cronista, compositor e pesquisador da música brasileira Sérgio Porto, também conhecido como Stanislaw Ponte Preta. Publicado na contra-capa do original (e transcrito no encarte da reedição) o texto faz uma espécie de defesa da opção pelo repertório que, embora fuja do samba de breque, traz “lídimos representantes da fase áurea do samba” e alfineta experiências como a bossa-nova, que despontava na época agregando ao samba influência do jazz norte-americano. A reedição traz ainda três faixas bônus lançadas em 1965 em compacto e no LP “Carnaval 66”. Do LP, entraram “Leonora”, samba de Moreira da Silva e a marcha de carnaval “Ah! Se Eu Fosse Macaco”, de Jararaca e João Correia que, curiosamente, ganhou versão no primeiro disco de Babau do Pandeiro rebatizada por “Baracho” e com letra modificada. Uma inspiração, talvez involuntária, que rende boas risadas e dá pistas do sucesso que fez.
A caixa vem também com “Morengueira 64”, também com menos sambas de breque que o de costume, com pérolas como “Gilda”, de Erasmo Silva e Mário Lago, que traz a personagem oposta a da música “Ai, que Saudades da Amélia”, também de Mário Lago; e ainda a valsa “Vamos Dar Um Passeio” (de Salgado, Jaime Zulay e Roberto Muniz) e dois sambas canções do próprio Moreira, “Judia Rara” e “Mulher Má”, outro “Escravo do Amor”, de Aidran Carvalho e Paulo César Feital e até música de Lupicínio Rodrigues, “Cigana”.

BOX
O Último MalandroMoreira da Silva
DISCOBERTAS
2012, 4 CDs
R$ 69,90

O Tal MalandroMoreira da Silva
DISCOBERTAS
2012, 4 CDs
R$ 69,90

SAIBA MAIS
Box 1 - O Último Malandro
“O Último Malandro” (1958)
“A Volta do Malandro” (1959)
“Malandro em Sinuca” (1961)
“Malandro Diferente” (1961)

Box2 - O Tal Malandro
“O Tal... Malandro (1962)
“O Último dos Moicanos” (1963)
“Morengueira 64” (1964)
“Conversa de Botequim” (1966)

Fábio Marques
Repórter

ENTREVISTA
Moreira da Silva é fruto de contexto histórico
É possível falar em uma “cultura da malandragem” no Brasil?
Nas primeiras décadas do século XX, o Brasil passou a achar uma boa ideia se representar em termos “nacionais”, valorizando tudo o que era diferente da Europa. Nesse contexto, coisas como samba, mestiçagem e capoeira passaram a ser valorizadas como “tipicamente brasileiras”. A malandragem entrou nessa onda.

Como a malandragem foi absorvida na obra de sambistas como Moreira da Silva?
Moreira da Silva é fruto desse contexto. Nunca teve, na vida pessoal, um perfil de malandro, apesar de boemia. Mas, ele foi percebendo que se apresentar como o rei da malandragem era interessante para o mercado.

Em que consistia essa figura do malandro?
Acho que o grande segredo dessa figura é sua polivalência. O malandro é um esperto, algo que pode ter uma conotação boa ou ruim. Assim, isso o permite aparecer em muitos contextos diferentes.

Tiago de Melo Gomes historiado


Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1110233