sábado, 19 de setembro de 2009

Ao mestre do bandolim

Festejando cinco décadas como músico profissional, um dos mais aplaudidos bandolinistas da cena cearense ganhará um documentário sobre sua trajetória artística. Um tributo a José Felipe da Silva, o Macaúba, um autêntico mestre do chorinho

Cinco décadas nas cordas do bandolim. O sorriso de Macaúba, aos 66 anos, não deixa dúvidas sobre as satisfações amealhadas ao longo de uma trajetória musical iniciada ainda na infância e abraçada com o devido fôlego a partir da adolescência - mesmo contra a vontade do pai e o estigma que costumava cercar os músicos com uma imagem distante das mais positivas. "Artistas", "relaxados", "notívagos", "perdidos", "boêmios", entre outras pechas, eram disparadas contra quem achava de levar a vida na flauta. Ou, no caso de José Felipe da Silva, nas cordas de um bandolim.

Mais de meio século depois, se não se pode dizer que o preconceito e as dificuldades cederam espaço de todo, a realidade assumiu novos contornos. Embora talvez ainda não tão valorizados quanto poderiam ser, os músicos populares ganharam mais reconhecimento quanto ao papel que desempenham e à contribuição que legam ao contexto cultural e social. Atravessando décadas a fio tocando seu bandolim pelos mais diferentes espaços de Fortaleza, Macaúba testemunhou essas mudanças. E conquistou a admiração dos colegas e das platéias, como um dos protagonistas desse cenário musical.

Agora, essa vida dedicada à música - até então registrada em não mais que três discos, o que por si atesta as barreiras típicas do mercado local - ganhará um suporte audiovisual. O cineasta Rui Ferreira, diretor de "Cine Cordel", prepara um documentário sobre a vida e a obra de Macaúba, procurando capturar um pouco da aura do virtuoso instrumentista que convive com a pessoa de ares humildes e bem-humorados.

"Falta pouco, estamos nas últimas gravações. Entrevistei muita gente, os grandes músicos e amigos do Macaúba deram seus depoimentos. O que falta são mais gravações com ele, que estamos nos preparando para fazer", situa Rui Ferreira, prometendo o documentário para até o fim deste ano. E explicando que a idéia surgiu a partir de uma festa realizada no ano passado, já tendo por mote os 50 anos de Macaúba como "chorão" profissional.

"A Verônica Guedes preparou um material para essa festa e depois me passou o projeto de a gente fazer uma coisa maior, pra homenagear o Macaúba", reconstitui, citando que a idéia, a princípio, é montar um curta-metragem focado na personalidade e no trabalho do músico. "Inicialmente, é um curta. Vamos ver como fica quando reunir o material".

Admirador da música de Macaúba, Rui Ferreira aponta que uma das questões a serem exploradas pelo documentário será o alcance dessa obra, no contexto musical do Ceará e além-fronteiras. "O Macaúba é um músico incrível e nos impressiona o fato de ele não ter, digamos assim, estourado, saído daqui pra vôos maiores. Até porque ele é um cara muito apegado aqui a Fortaleza. Mas tem bandolim pra correr o mundo", contrapõe.

Enquanto se prepara para realizar as tomadas principais com o "personagem" maior do documentário ("Ele é bom de conversa. Só tem que ter um relaxamento, o tempo certo de fazer" -, Rui Ferreira lembra que tem outro filme produzido a partir do universo musical, enfocando o cantor e compositor cearense Rodger Rogério. E aponta que a cena local ainda tem uma lacuna muito grande quanto ao registro audiovisual de seus músicos.

"Falta isso aqui. Tem muita gente boa dentro da música, que pode render ótimos filmes", considera. "Ao mesmo tempo, é uma forma de se garantir um registro desses artistas e de um pouco dos seus trabalhos".

Fonte: Diário do Nordeste

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Acrísio propõe transformar o “Samba do Zé Bezerra” em Patrimônio Cultural

A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou nesta terça-feira, 08 de setembro, o requerimento do vereador Acrísio Sena (PT) que reconhece e registra o tradicional “Samba do Zé Bezerra”, localizado na Rua Dom Manuel de Medeiros, n° 71, no Parque Araxá, como Patrimônio Cultural de Fortaleza.

O “Samba do Zé Bezerra” teve início em 1941, quando o bar ainda era uma simples mercearia. Hoje é considerado um dos grandes templos e escola do samba de Fortaleza, local fácil de descobrir novos sambistas talentosos. Com repertório variado, incluindo ícones do cenário musical como Cartola, Bezerra da Silva e Paulinho da Viola, dentre outros, o bar é referência para a formação cultural da cidade, memória e identidade do samba.

O requerimento do vereador Acrísio Sena, aprovado pela Câmara, segue agora para apreciação da Secretaria de Cultura de Fortaleza (SECULTFOR), no intuito de ser incluído no livro do Registro das Celebrações, de acordo com o que rege o Artigo 34, II da Lei 9347 de 11 de março de 2008, que dispõe sobre a Proteção do Patrimônio Histórico-Cultural e Natural do Município, por meio do tombamento ou registro.