quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Cera, imagem e memória

Ao som de gravações em cera, a mostra “Fotografias de Músicos Cearenses” revive outros tempos, nos Correios. Na abertura, o grupo Vozes da Cera

A nova onda do samba carioca não é bem a praia de Miguel Ângelo de Azevedo, há 50 anos um mantenedor da tradição musical brasileira registrada - desde 1902 até algo em torno de 1960- nos famosos discos de cera. Sua discoteca, situada em sua casa, no bairro Rodolfo Teófilo, reúne 22 mil destes artefatos da indústria fonográfica, o que fez o pesquisador cearense ganhar fama nacional, a ponto de ter um projeto de digitalização do acervo bancado pela Petrobras. Ao celebrar meio século de respeito a memória musical cearense e brasileira, Nirez busca dar mais visibilidade a seu acervo, como comprova a exposição “Fotografias de Músicos Cearenses”, aberta hoje, às 17h, nos Correios, com composições menos conhecidas do período, interpretadas pelo grupo Vozes da Cera. Na mostra, plotagens (fotos ampliadas) de quase 80 ícones, nomes como Humberto Teixeira e Trio Nagô.

Entre 10 e 14 de novembro, os 50 anos do Arquivo Nirez foram tema de um seminário que o reuniu a outros pesquisadores musicais importantes, como o cearense Christiano Câmara e o carioca Humberto Franceschi. “Não foi melhor porque eu estava gripado. Além do Franceschi e do Cristiano, falando, respectivamente, sobre as primeiras gravações mecânicas e o cinema, teve o Marcelo Bonavides, que fez um trabalho sobre as cantoras antigas, do início do século XX, e ainda a Elba Braga Ramalho, sobre aspectos fonográficos de Luiz Gonzaga, também comentado pelo pesquisador Paulo Vanderley”, lembra. “Pretendo aproximar cada vez mais o Arquivo da sociedade”. Tanto que, afinal, começam a surgir iniciativas ligadas a este seu patrimônio particular, caso do grupo Vozes da Ceara, criado por uma das responsáveis pela digitalização do acervo, a musicista Mireyka Falcão.

Mais informações:
Abertura da exposição ´Fotografias de Músicos Cearenses´ Hoje, 17h, no Espaço Cultural Correios (Rua Senador Alencar, nº 38, Centro, Fortaleza). Visitação até 17 de janeiro. De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h.Contato: 3255-7142. O Arquivo Nirez fica na Rua Professor João Bosco, 560, Rodolfo Teófilo (Próximo às avenidas José Bastos e Jovita Feitosa). Visitações podem ser marcadas pelo fone 3281-6949.

HENRIQUE NUNES
Repórter

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